Sexta-feira, 30 de Setembro de 2005

E assim vai a África...


Esta crónica faz-se hoje de dois factos africanos, um positivo e outro negativo.
Começarei pelo positivo que diz respeito à indicação da angolana Eunice Inácio para a lista dos candidatos ao Prémio Nobel da Paz/2005. Trata-se de alguém que, para além de uma formação na área (pois estudou relações internacionais e, mais precisamente, resolução de conflitos na Universidade de Kwazulu Natal, na África do Sul), tem-se dedicado a pôr em prática a cultura da paz, trabalhando no Programa de Construção de Paz, da Development Workshop, com o apoio de uma organização não-governamental chamada CIDA, sigla que significa Canadian International Development Agency, de que é gestora de programas. É ainda promotora de uma organização que forma jovens para o trabalho comunitário, chamados Jovens Embaixadores da Construção da Paz e Cidadania.
Escolhida entre 1000 mulheres de 150 países, Eunice Inácio é alguém que afirma ter sentido a necessidade de se envolver no processo de construção da paz em Angola por já não suportar assistir a tanto sofrimento de pessoas afectadas pela guerra que assolou o país durante décadas. Trabalhando como mediadora em terreno difícil de grande sensibilidade, marcado por agentes religiosos, políticos e militares, que muitas vezes constituem uma mistura explosiva quando o assunto é a demarcação de terrenos de influência, Eunice Inácio demonstrou ter – dizem aqueles que com ela trabalham – uma grande capacidade de negociação, de moderação, de persistência e de espírito de liderança, incentivando jovens. Ela própria é responsável pelo treino de 600 promotores da paz que têm actuando em 14 províncias em programas de realojamento e reinserção social.
Ao ouvi-la há dias, durante a conferência de imprensa promovida pela Development Workshop para anunciar a candidadtura desta mulher a um dos mais gratificantes prémios para quem se dedica a cuidar dos outros, julgo que o seu espírito de despojamento pessoal ficou revelado quando disse estar admirada pelo facto de ter sido nomeada. No entanto, ela afirma que não é fácil (como poderia ser, depois de uma guerra fratricida tão violenta?), trabalhar para a paz num país em que os partidos não são abertos e a sociedade civil se coíbe de abordar assuntos incómodos que forcem o governo a mudanças.
Mesmo que não ganhe o Prémio Nobel da Paz, Eunice Inácio, depois da queniana Wangari Maathai no ano passado, terá demonstrado aos seus compatriotas que a vontade é o motor da mudança, enquanto Angola terá mostrado ao Mundo a sua capacidade de regeneração interna.
O assunto que se segue merece-me poucas palavras: apenas quero manifestar perplexidade face ao que ouvi há dias: o presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, afirmou não compreender como é que um recente relatório do Banco Mundial assinala um aumento considerável dos índices de corrupção no país. Ora, como cidadã são-tomense, preocupada com a capacidade de comprensão dos dirigentes do meu país, gostava de entender o que é o que Sr. Presidente não entende (porque há cidadãos, eu incluída, que certamente se voluntariam para lhe explicar essa confusão que o baralha, se for preciso com números, desenhos e nomes): se não entende as palavras do relatório; se não entende como é que só agora uma instituição internacional chegou a esta conclusão (a que qualquer pessoa no país já havia chegado); se não entende como é que pessoas que até há pouco tempo não possuíam um único bem (incluindo pessoas da sua entourage) hoje se destacam como das mais portentosas do país (materialmente falando, claro!); se não entende como é que pessoas, que comprovadamente têm lesado o país nos acordos, continuam de pedra e cal em lugares-chave; se não entende como é que o petróleo ainda não começou a ser explorado e já há ricos no país (relativamente falando); se não entende como é que existe um fosso cada vez maior entre os habitantes daquelas ilhas ditas maravilhosas. Afinal, o que é o Sr. Presidente não entende?! Se não entende é porque não quer entender ou não está atento.
Seria risível se não fosse tão trágico!



Inocência Mata - RDP- África, 29 de Setembro de 2005





Sinais de Contradição




Eu acho que é mesmo uma tragicomédia. Senão reparem: o mesmo Presidente da República, em 9/07/2002, antes de partida para uma cimeira em Durban, afirmou que, relativamente à corrupção, podíamos considerá-la como “… uma doença enorme, eu tenho impressão que é igual ao SIDA, ou igual ao PALUDISMO, que nos rói economicamente e que nos mantém neste subdesenvolvimento…” (sic).
Esta contradição flagrante para o mesmo problema, parece-me assustadora, cómica e trágica. O mesmo actor que, comparava há três anos atrás, a corrupção ao SIDA ou ao PALUDISMO, relacionando-a com o nosso atraso crónico; é o mesmo, que, se surpreende com o relatório do Banco Mundial que constata um aumento dos níveis de corrupção no país. E assim o país não vai…


publicado por adelino às 19:48
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Quarta-feira, 28 de Setembro de 2005

O Mito da Segurança



«… Resta uma saída e só uma: afrontar, inventar, investir, a única que, desde as origens da vida, pode sempre triunfar sobre as crises. Os animais que, para lutar contra o perigo, se esconderam em tranquilos recantos, envolvidos em pesadas carapaças, mais não nos deram do que amêijoas e ostras. Vivem de restos. O peixe, que correu a aventura da pele nua e da deslocação, rasgou o caminho que leva ao homo sapiens. Mas há muitas maneiras de investir…”



Emmanuel Mounier


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Terça-feira, 27 de Setembro de 2005

Indignem-se por favor!

“… O número de Africanos que vivem com menos de um Euro por dia quase duplicou desde 1981, passando de 164 para 314 milhões. Exactamente a tendência contrária à registada noutras partes do mundo durante o mesmo período. Um dos motivos será, incontornavelmente, a corrupção de muitos dirigentes Africanos, “alimentada” pelo fechar de olhos das nações ocidentais. Daí que Paul Wolfowitz, Presidente do BM, tenha aproveitado a Assembleia da instituição para elogiar a Suiça, país que, recentemente, decidiu devolver à Nigéria cerca de mil milhões de dólares. Um montante desviado para bancos suíços pelo general Sani Abacha, que governou a Nigéria de 1993 a 1998, ano em que morreu, seguindo-se-lhe o actual Presidente, Olusegun Obasanjo…”



Notícia extraída do “Diário de Notícias”



Se a principal função da política é a produção e distribuição dos bens colectivos imprescindíveis ao desenvolvimento de qualquer sociedade, percebe-se mal este autismo que caracteriza as nossas “classes políticas”, eternizando e complicado os problemas de milhões de pessoas, por imperativos de natureza parasitária e predadora de “meia dúzia de espertos”, que, continuam teimosamente a “comer tudo”. S.Tomé e Príncipe não foge ao contexto supra citado na referida notícia. A pobreza extrema aumentou de forma assustadora; na mesma proporção que aumentou a quantidade de pessoas com palacetes, quintas e fazendas bem apetrechadas. Da mesma forma aumentou vertiginosamente, a publicitação informal de casos que indiciam a existência de corrupção endémica no país. Tudo leva a crer, que, a corrupção endémica instalada a todos os níveis, é a maior fonte de produção e desenvolvimento da pobreza extrema no interior do país, e consequentemente, da nossa desgraça colectiva. No entanto, não se reconhece um discurso, um programa, nem vontade política (avulsa ou sustentada programaticamente no interior dos directórios partidários) que ajudem a resolver ou minimizar o problema da corrupção no país. Muito pelo contrário, a insolência corporativa vai ao ponto de fabrico de decisões que nos envergonham como povo e país. A redução em 50% do orçamento da Justiça (do orçamento de Estado do ano passado relativamente à este) desprezando objectivamente os esforços do Tribunal de Contas e outras instituições ligadas à Justiça, no sentido de detectar, denunciar e esclarecer casos flagrantes de corrupção no país, é a gota de água que faltava para que a chuva nunca mais parasse de cair, molhando-nos a todos. É de elogiar a coragem e atitude da Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Alice Carvalho, que, denunciou esta anormalidade. Mas, isto não chega! O que é que os Partidos políticos isoladamente pensam disto? Concordam com a atitude individual dos seus deputados que deixaram passar uma anormalidade com estas características num momento sensível de denúncia, combate e luta contra a corrupção no país? O que é que os ex-presidentes da República pensam disto? O que é que as Associações Sindicais de Juízes e magistrados pensam disto? Seria um óptimo momento para a sua afirmação, se, juntassem a sua voz a da Senhora Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Onde é que andam escondidos? O que é que os nossos jornalistas pensam disto? O que é que o Senhor Presidente da República pensa disto? Por favor: indignem-se!


publicado por adelino às 16:31
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Sábado, 24 de Setembro de 2005

Falsos Histéricos e o Verdadeiro Problema

Hipócrates considerou a histeria uma doença psíquica, tipicamente feminina. Segundo ele, se o útero for privado da sua função natural de fazer filhos, desloca-se perigosamente no corpo da mulher, impedindo-a de respirar, criando-lhe assim as piores angústias subindo-lhe até a cabeça. A solução consiste pois, em fazê-lo reencontrar a sua função natural, no exercício da sexualidade.
No Príncipe existe uma lenda que, considera a histeria uma doença tipicamente masculina, com prevalência em certas pessoas portadoras de outras perturbações mentais: a privação do exercício sexual, de forma acentuada nestas pessoas, provoca a acumulação de espermatozóides, que deslocam perigosamente para a cabeça, provocando perturbações psíquicas próximas de um quadro de histeria.
No quadro científico medieval, Santo Agostinho identificou a histeria como o lugar do combate entre as forças do bem e as do mal, sendo que, as mulheres que apresentavam esses sintomas, eram consideradas feiticeiras e condenadas à fogueira.
Hoje em dia, graças aos contributos de inúmeros cientistas, foram criadas as bases modernas para uma compreensão e abordagem psiquiátrica da histeria. Soube-se então, que, a personalidade do histérico organiza-se em torno de três eixos fundamentais: a encenação permanente do íntimo e do sexual; o jogo contínuo entre verdade e mentira e a plasticidade da personagem. Com o aparecimento do petróleo, subitamente, passámos a encontrar e conviver no país com os “falsos histéricos”, cuja teatralidade discursiva e argumentativa, são postas ao serviço de comportamentos de sedução e de erotismo incompreensíveis: não sendo do Príncipe nem descendendo do Príncipe, gostavam de ter uma ligação emocional com o Príncipe, para melhor defenderem o Príncipe. A generosidade com tiques dramáticos, tornam estas personagens acolhedoras, sedutoras e abertas, disponíveis para abraçar grandes causas públicas. Por isso, não querem ver o Príncipe entregue ao “desvario de políticos locais de segunda categoria” porque estes são piores do que os políticos nacionais que pertencem a primeira categoria. Mitomaníacos por natureza, passam a vida a mentir a si mesmos, da mesma forma que transformam a realidade para os outros. Por isso, eles não querem a autonomia “para a sua ilha” (o Príncipe) porque não querem vê-la subalternizada em relação à S.Tomé. Mudando sucessivamente de opinião em função dos outros, dos seus interesses particulares e/ou da conjuntura política, (favorável ou desfavorável) e, sugestionáveis quanto baste, os "falsos histéricos" estão sempre prontos e disponíveis a entusiasmarem-se ou pelo contrário a compadecerem-se. Esta inconsistência do carácter dos “falsos histéricos”, está relacionada com o mecanismo de defesa fundamental do problema em causa: a identificação. Agora eles são do Príncipe, identificam-se com o Príncipe, estão dispostos a defender a causa do Príncipe e gostariam de ser “principenses-de-gema”; da mesma forma que já foram defensores acérrimos, encorajadores, estrategas e admiradores de primeira linha, do Senhor Presidente da República Fradique de Menezes, mudando posteriormente de opinião. É o tal problema da identificação. No entanto, só constatam “emoções mal geridas, traumas pós-coloniais mal resolvidos, recalcamentos e complexos de inferioridade” nos outros. Da mesma forma que mudaram rapidamente de opinião relativamente ao Senhor Presidente da República Fradique de Menezes, comportando-se como ratos num barco a submergir, depois de considerarem-no um génio entre ignorantes, hei-de vê-los também, num contexto temporal não muito distante, a mudar de opinião relativamente ao actual regime político-administrativo da região do Príncipe.
O regime político-administrativo próprio da região do Príncipe, citado como “autonomia do Príncipe” é apenas uma operação lógico-jurídica decorrente dos condicionalismos de natureza política, geográfica, económica, social, e cultural do país, pretendendo-se identificar, caracterizar e implementar com tal, uma simples reforma descentralizadora para o mesmo. Não há quaisquer reminiscências nostálgicas autodeterminativas nesta concepção de descentralização para o país. Se Freud fosse vivo, reafirmava: só os histéricos é que sofrem de reminiscências.
A ideia de dissolução da região autónoma do Príncipe e outras autarquias locais, com objectivo posterior de criação de uma comissão parlamentar para discutir a divisão administrativa que melhor pode servir o país, para além de ingénua, como bem sustentada pelo autor da façanha, parece-me inconsistente, patética e desprovida de qualquer interesse intelectual, sobretudo porque não comporta qualquer conteúdo ou substância reformadora, tendo em conta os constrangimentos políticos, económicos e sociais momentâneos do país. Se o problema é de facto não conferir qualquer tipo de autonomia ao Príncipe, mesmo atendendo a sua especificidade, muito menos faria qualquer sentido, fazê-lo em relação às outras regiões de S.Tomé. Então, para quê a sugestão ou proposta de criação de três distritos em S.Tomé, se o objectivo central desta concepção é a não transferência de quaisquer competências do Governo central para qualquer região do país, a bem da unidade e coesão nacionais? Parece-me um monstruoso disparate pretender-se criar municípios, e ao mesmo tempo, impedir qualquer transferência do governo central para as estruturas em causa. E como é possível pretender-se criar municípios e privá-los de conteúdo político? Parece anedótico para não dizer outra coisa. Como seria então, a estrutura organizacional dos diferentes subsistemas destes novos municípios (o político, o técnico-operativo e o administrativo) compatíveis com o aprofundamento desejável da democracia na nossa terra e minimizador dos constrangimentos existentes? Como é que se pode passar a vida a criticar constantemente, os níveis paupérrimos de participação ou manifestação de cidadania no país, e, no entanto, ser-se um defensor da subordinação do local, pela dependência imperiosa de hierarquias territoriais superiores, típicas do Bonapartismo centralista?
Segundo Georges Gontcharoff (1985) se interligarmos a questão da cidadania com a descentralização, esta poderá ser entendida, como algo que potencializa a reaproximação do poder ao cidadão; ou seja, a descentralização é uma via, por intermédio da qual, o cidadão tem possibilidades de intervir e participar mais activamente nos debates locais, correlacionados com problemas que directa e objectivamente lhe dizem respeito, em conjunto com os responsáveis, decisores políticos e financiadores, assistindo-se desta forma a um aumento do controlo democrático sobre as decisões. Também João Caupers (1994) entende que, só existe descentralização – territorial, administração autónoma – quando os interesses específicos de um determinado território infranacional sejam prosseguidos por entes públicos de base territorial, entes esses que, possuindo órgãos e titulares dos mesmos eleitos livremente pelos residentes no território local, prosseguem a gestão – de acordo com as atribuições próprias – das problemáticas locais, estando somente sujeitos a tutela administrativa no que se concerne à legalidade dos actos por eles praticados. Sendo assim, como é que se pode falar em descentralização, sugerindo a mera criação de delegações da administração central no Príncipe? Ai é que eu não vejo nenhuma racionalidade política, económica, social e cultural, de acordo com os novos paradigmas de desenvolvimento e novas formas de mobilização popular.
Eu não preciso de querer ser Angolar ou descendente de Angolares, para achar ou defender com toda a convicção e sem titubiezas, que, a criação de uma região ou município naquela zona, dotada de competências, meios financeiros e humanos próprios, bem como noutras zonas do país, de acordo com a nossa especificidade política, geográfica, cultural, económica e social, pode constituir um entrave à burocracia que caracteriza o nosso aparelho de Estado e, consequentemente, minimizar o divórcio, cada vez mais acentuado que se tem verificado entre o Estado e o quotidiano dos cidadãos, fortalecendo deste modo a cidadania, a luta contra a subalternidade, defendendo os direitos da maioria silenciosa, da democracia e da qualidade de vida da generalidade dos Sãotomenses. Abstenho-me de fazer qualquer consideração, relativamente à percentagem financeira explícita na Lei-quadro das Receitas Petrolíferas destinada ao Príncipe, na medida que, percentagem semelhante será afecta aos municípios de S.Tomé, de acordo com a mesma Lei-quadro. Além disso, existirão condicionalismos de natureza ambiental e outros, decorrentes da exploração petrolífera, cujo impacto directo será circunscrito à zona de tais jazidas ou de exploração das mesmas. Isto valeria sempre, ou, teria significado, amplitude ou consequências, quer as jazidas em causa se encontrassem em Angolares, em Neves, no Príncipe ou na cidade capital. Só por ignorância, má fé, falta de rigor ou irresponsabilidade grosseira, este problema pode ser colocado desta forma. Da mesma forma pode-se dizer, que, as populações do Príncipe, Angolares, Neves e de outras zonas do país, cansadas de sofrer, de suportar com angústia e tristeza, níveis extremos de pobreza e de conviver apaticamente com atropelos sistemáticos aos alicerces do nosso regime democrático, não precisam de solidariedades virtuais. Precisam sim, de comportamentos, sinais e atitudes pedagógicas, sobretudo daqueles que tiveram oportunidade e meios para estudar e adquirir competências adequadas, que, possam ajudar a promover localmente, a interiorização, prática e aprofundamento da democracia. As suas preocupações e os meios pacíficos e democráticos utilizados, para a chamada de atenção para o problema da não realização de eleições autárquicas e regionais no país, há mais de dez anos, parecem-me justos, equilibrados e inteligente. Há mais de cinco anos (muito antes da elaboração e promulgação da Lei-quadro das Receitas de Petróleo) que a população do Príncipe reclama e luta pela realização das eleições Autárquicas e Regionais no país, porque os actuais governantes Regionais estão no poder há dez anos e cinco meses. Não é legítima esta luta? Onde é que os “falsos histéricos” têm estado? Isto é que é o verdadeiro problema, e, não tem nada a ver com a histeria relacionada com o petróleo dos "falsos histéricos". Além disso, como é que estes podem ter o descaramento de congratularem-se com a realização de um golpe de Estado no país, pelo facto de ser uma óptima oportunidade de “…pegar búfalos pelos cornos enquanto é tempo, e em simultâneo, evitar o regresso dos democratas da treta…” (sic) e, ao mesmo tempo, condenarem a atitude pacífica e democrática de pessoas que se limitaram a manifestar e consequentemente, a chamar a atenção do mundo, para o problema da não realização das eleições Regionais e Autárquicas no país, há mais de dez anos. Quem são os verdadeiros democratas da treta neste caso? Haja paciência para tanta incoerência e ignorância! Nem encetando uma luta entre as forças do bem e do mal sugerida pelo Santo Agostinho, será suficiente para combater tanta histeria em torno do petróleo.



publicado por adelino às 13:36
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Sexta-feira, 23 de Setembro de 2005

Corrupção e a Justiça

Segundo alguns órgãos de comunicação social de S.Tomé e Príncipe, o Presidente do Tribunal de Contas afirmou, que, nos últimos tempos, vários processos relacionados com a corrupção e má gestão dos fundos públicos, foram entregues aos Tribunais para eventual julgamento. O referido Presidente, segundo o ”Jornal Vitrina”, adiantou ainda, que, nas várias instituições da Administração Pública, a gestão dos bens do Estado é feita de forma não transparente, reforçando posteriormente que, não é preciso recorrer a uma escala microscópica para detectar ou constatar casos flagrantes de má gestão da “coisa pública”.
Pouco tempo depois, soube-se através da Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Alice Carvalho, que, o orçamento destinado à Justiça para o presente ano, sofreu um corte de 50% relativamente ao ano anterior. A referida Presidente, adiantou ainda que, “…reconhecemos que os Tribunais têm agido com pouca celeridade, mas isto tem também a ver com os meios que põem a nossa disposição, porque como se diz, não se pode fazer omeletas sem ovos, e, por isso vimos tendo bloqueios imensos. Chegamos a ter bloqueios até para a compra de papéis…”
É de conhecimento público que, o orçamento para o presente ano, foi aprovado na Assembleia Nacional, aparentemente sem contestação ou reparos de natureza política, denunciadores desta anormalidade. Por outro lado, a situação política, económica e social no interior do país, é de crispação crescente, resultante de acusações e contra acusações, relacionadas com uma quantidade anormal de supostos casos de corrupção. Os últimos estudos relacionados com a pobreza no país, demonstram que, mais de 50% da população vive em condições de pobreza extrema. De tudo exposto acima, pode-se depreender que:
1- a quantidade de casos que indiciam a existência de corrupção no país (GGA, Correios, Air S.T.P, Registos Centrais, Sexy linnes, Petróleo, Terrenos, etc) anormalmente denunciados nuns casos; noutros casos investigados e deduzidas as respectivas acusações; e, noutros ainda, em processo de investigação ou pura e simplesmente ignorados, corroborados objectivamente em entrevista pelo Senhor Presidente do Tribunal de Contas, leva qualquer cidadão anónimo a pensar ou concluir, que, a corrupção é momentaneamente, um problema central da nossa vida comunitária, sendo que, de forma proporcional, pertinente e oportuna, o seu combate, devia servir de suporte ou bandeira programática eleitoral dos diversos partidos nacionais;
2- o governo devia convergir meios (materiais, humanos e financeiros) no sentido de minimizar ou estancar esta hemorragia que, aparentemente tem custos sociais, políticos, económicos e mesmo culturais gritantes para o país;
3- os níveis de pobreza extrema no país, aumentou de forma proporcional ao aumento da denúncia de casos que indiciam corrupção no país.
No entanto, constata-se exactamente o contrário: os partidos políticos nacionais, entricheirados no autismo que os caracteriza, acham que a corrupção é um problema inventado por mentes populares perversas, destituídas de qualquer racionalidade ou dignidade; por outro lado, o governo pensa a mesma coisa, e, por isso mesmo, neste exacto momento, nada melhor do que reduzir radicalmente o orçamento da Justiça, criando bloqueios ao funcionamento dos tribunais. O povo, há-de continuar pobre, muito pobre, não obstante a multiplicação de programas de “Redução da Pobreza” que se implementa no país. No entanto, cada vez mais, tenho a nítida sensação, que, num contexto temporal não muito distante, se os políticos não resolverem os problemas das pessoas, estas hão-de complicar a vida dos políticos.


publicado por adelino às 21:01
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Quarta-feira, 21 de Setembro de 2005

O Passeio dos Fantasmas

Acabo de chegar de férias. Absorvo as notícias com a sensação de que se o não fizer num movimento acelerado e sem triagens, o mundo pode acabar já amanhã, e ficarei irremediavelmente desfalcado, de conteúdo informativo e opinativo, que, me hão-de fazer falta noutros mundos. Por isso, já soube que o Nino Vieira, qual Messias, ganhou as eleições Presidenciais na Guiné Bissau, não obstante as contestações de fraude reclamadas pelo seu principal adversário, aparentemente desprovidas de confirmações ou beneplácito da comunidade Internacional. Nino inaugurou ao nível da CPLP um novo ciclo: o do “Passeio dos Fantasmas”. Depois da glória e queda, renasce aparentemente incólume, com uma vitória que afasta qualquer cenário de dúvidas, inquietações ou sobressaltos, eventualmente indiciadores da desintegração do Estado Guineense. Mal refeito desta extraordinária notícia, sou brindado com uma outra, não menos importante: Mário Soares é de novo o candidato preferencial da esquerda em Portugal para as próximas eleições Presidenciais. Sendo eu estruturalmente democrata e convictamente de esquerda, estranho a minha própria reacção: nem júbilo, nem aprovação ou alegria; somente indiferença. Como é possível? Terei deixado momentaneamente de ser democrata? As minhas convicções terão ficado nas águas quentes de S.Tomé e Príncipe, deixando-me descalço e com alma fria? Não! Simplesmente não me sinto momentaneamente mobilizado. Há tiques aristocráticos neste projecto que: desmobiliza em vez de unir; afugenta em vez de atrair e arrefece em lugar de aquecer. Soares já foi fixe; agora é fixo! É preciso muito mais trabalho, engenho e provavelmente milagre, para arrancar do lugar, um projecto cravado no frio. O pior, é que, o “Passeio dos Fantasmas” continua, e, não me admira nada que, a receita se repita noutras paragens. S.Tomé e Príncipe dificilmente fugirá aos contornos da contaminação, e provavelmente, teremos um Messias nas próximas eleições Presidências que se avizinham.


publicado por adelino às 20:11
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